terça-feira, 12 de março de 2013

Curiosidades 02


A preço de banana



A grande disponibilidade da banana fez com que ela se tornasse sinônimo de produto barato.


Quando falamos sobre comida, nem sempre imaginamos a dimensão histórica e cultural que um simples fruto pode ter. No caso da banana, o uso e o fácil acesso a esse gênero alimentício se mostram como uma das mais típicas características da economia natural e agroexportadora do continente americano. No século XX, vários países da América Central ficaram conhecidos como sendo parte integrante da chamada “República das Bananas”.

Essa relação entre a banana e o continente americano, na verdade, é bastante antiga. Ao chegarem ao Novo Mundo, os colonizadores europeus logo perceberam que as bananeiras abundavam em nossas terras. O clima quente e úmido fazia com que o fruto estivesse sempre disponível, sem que fosse necessário um planejamento rigoroso ou o emprego de técnicas agrícolas mais elaboradas. Ainda hoje, ela serve como base alimentar de muitas famílias habitantes de países americanos mais pobres.

Seguindo a lógica de exploração do sistema mercantilista, os comerciantes do Velho Mundo tinham pouco interesse em explorar comercialmente uma riqueza de tão fácil obtenção. O grande lance era investir em gêneros agrícolas que tivessem preços elevados e que, por isso, garantiam uma polpuda margem de lucros à burguesia mercantil europeia. De fato, a pobre banana era o indício cabal de que a antiga lei da oferta e da procura tinha lá suas razões.

Com o passar do tempo o preço da banana acabou sendo naturalmente incorporado ao nosso vocabulário financeiro. Toda vez que encontramos um produto “a preço de banana”, temos a certeza que pagaremos bem pouco naquele bem que tanto desejamos. Em tempos de pouca grana, nada melhor que pagar valores módicos que nos lembrem o precinho convidativo de um cacho de bananas!


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

A primeira maratona


Pintura representando o desfalecido Filípedes ao chegar à cidade grega de Atenas.


Considerada como uma das mais prestigiadas modalidades dos jogos olímpicos, a maratona é tida como uma daquelas modalidades esportivas que marcam a história do esporte mundial. Não se limitando ao evento olímpico, vemos que diversas provas se espalharam pelo mundo e determinaram a constituição de um calendário fixo que reúne atletas espalhados no mundo inteiro. No Brasil, a Maratona de São Paulo é o evento de maior expressão na prática dessa antiga modalidade esportiva.

Por falar em antiguidade, a prática da maratona é bem mais antiga que a realização dos jogos olímpicos modernos. Segundo alguns estudiosos, esse tipo de corrida foi originalmente inventada durante as Guerras Médicas, quando gregos e persas lutavam entre si pelo controle da Ásia Menor e da Península Balcânica. Na primeira parte deste conflito, os gregos venceram os persas em uma eficiente estratégia de batalha executada na planície de Maratona, que dá nome ao esporte hoje praticado.
Naquela ocasião, a notícia da batalha deveria ser urgentemente repassada aos gregos que habitavam a cidade de Atenas. Para que a tarefa fosse realizada, as tropas gregas elegeram o habilidoso soldado Filípides para percorrer a distância de quarenta e dois quilômetros que separava a cidade de Atenas e a planície de Maratona. O esforço que Filípedes empregou em sua missão foi tão grande que, ao chegar a seu destino, noticiou a vitória grega e logo morreu com o desgaste da missão.
A primeira homenagem feita ao grego que percorreu heroicamente esses 42 quilômetros foi realizada em Atenas, nas Olimpíadas de 1896. Naquela ocasião, o corredor Spiridon Louis venceu a competição com um tempo de duas horas, cinquenta e oito minutos e cinquenta segundos. Em 1908, nas Olimpíadas de Londres, a distância da competição foi ligeiramente aumentada para a distância de quarenta e dois quilômetros e cento e noventa e cinco metros.
Em outubro de 2010, uma nova homenagem ao corredor Filípides foi realizada na Maratona de Atenas. Nessa edição especial, a corrida contou com a exata inscrição de doze mil competidores. Esse foi o mesmo número de soldados gregos que participaram da batalha contra os persas. Ao contrário do lendário soldado grego, o vencedor dessa edição especial da prova foi agraciado com um belo prêmio e teve seu nome marcado na história de tal modalidade esportiva.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola



A Rota da Seda


A Rota da Seda empreendeu o desenvolvimento de grandes atividades comerciais.

No século XIX, um arqueólogo alemão chamado Ferdinand Von Richthofen estabeleceu o nome de uma das mais famosas rotas comerciais e religiosas de todos os tempos, a chamada Rota da Seda. Antes que tal nome fosse escolhido, esse trajeto, com mais de sete mil quilômetros, já era há mais de dez mil anos utilizado por aventureiros, peregrinos comerciantes, clérigos, monarcas e soldados que cortavam esse extenso conjunto de estrada a pé ou no lombo de animais, partindo da porção síria do mar Mediterrâneo, até os territórios chineses de Xiang.
A mais antiga importância desse caminho se encontra no processo de espalhamento, ainda na Pré-História, das comunidades humanas do continente africano para diversas regiões da Ásia e da Oceania em busca de melhores condições de vida. Séculos mais tarde, seria essa mesma via de acesso que determinaria a penetração dos povos indo-europeus no Oriente Médio. Tal ocupação daria origem aos povos semitas que, por sua vez, estabeleceriam a gênese dos árabes e judeus.
Por volta do século VI a.C., a unificação territorial empreendida pelo Império Persa foi o primeiro passo para que atividades comerciais diversas fossem organizadas pelos povos englobados por essas civilizações. Os comerciantes que saíam do Oeste levavam marfim africano, ouro, peles de animais, vinho e animais de montaria. Em contrapartida, os distantes territórios chineses ofereciam ervas aromáticas, perfumes e os tão falados tecidos de seda que nomeavam o caminho.
Na verdade, as caravanas não percorriam toda a extensão da Rota da Seda. Com o passar do tempo, percebemos que certas cidades ficaram responsáveis por agregar comerciantes que se concentravam em apenas um trecho do percurso. Deste modo, vemos que o comércio se transformou em uma atividade que organizou o cenário social, econômico e político de diferentes pontos desse grande território. Entre os séculos III e IV, a invasão dos hunos marcou o período menos seguro para que as comitivas de comerciantes se movimentassem.
No século VIII, a parte oeste da rota começou a ser dominada pelos árabes que realizaram a conquistas das terras da Pérsia. Séculos mais tarde, exatamente no século XII, os cavaleiros e soldados de Gengis Khan tomaram a Ásia Central, o Norte da China e os territórios tibetanos. Ao contrário do que possa parecer, o domínio militar mongol foi de grande ajuda para que a economia comercial da Rota da Seda se mantivesse viva ao longo das décadas. Com o simples pagamento de taxas, os mercadores tinham direito de tráfego e comércio.
Ainda no período medieval, percebemos que o Renascimento Comercial fomentou a cisão daquela visão de mundo limitada dos tempos feudais. Nessa época, as famosas viagens de Marco Polo davam conta de paisagens, costumes e cidades que ampliavam as perspectivas da época. Ao longo do tempo, o fechamento dessa via de comércio incentivou bastante a realização das Grandes Navegações. De tal modo, o homem europeu começou a constituir novas rotas de comércio pelos mares e continentes.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola



A toque de caixa



Esta expressão tem origem em um antigo hábito desenvolvido entre as forças militares.


Em uma guerra, um pequeno detalhe pode ser fundamental para que a linha que separa o triunfo e a derrota seja superada. Não por acaso, várias estratégias são utilizadas para que os soldados sigam, com a maior precisão possível, a recomendação de seus comandantes e realize alguma ação. Muitas vezes, dada a urgência de alguma medida, os militares eram orientados “a toque de caixa”. 

Atualmente, essa expressão se remete a todo ato feito com agilidade e determinação. Nos tempos passados essa expressão se referia ao costume que os chefes militares tinham de utilizar o toque da caixa, uma espécie de tambor, para orientar os seus comandados. A invenção chegou até a Europa por meio da expansão dos muçulmanos, que já fazia uso desse instrumento para promover rituais religiosos e reuniões militares.

A presença destes tambores entre as fileiras dos exércitos árabes acabou alcançando a Península Ibérica, que foi conquistada pelos muçulmanos no século VIII. Geralmente, a forma pela qual o tambor era tocado indicava a realização de algum ato a ser desenvolvido no calor das batalhas. Sem dúvida, a propagação do som era bem mais eficiente se comparada ao envio de um mensageiro ou documento escrito.

Mesmo com a expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica, a expressão acabou sendo empregada pelos portugueses que, mais tarde, se incumbiram de trazê-la às terras brasileiras. Hoje vivemos em um mundo que se move “a toque de caixa”, tendo em vista a facilidade dos meios de comunicação e a ampliação dos afazeres cotidianos. Apesar disso, não podemos nos esquecer que o descanso é fundamental para suportarmos as imposições do dia a dia.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Acabar em pizza


Quando os políticos não são punidos pelos seus crimes, dizemos que tudo “acabou em pizza”.

O Brasil é um país onde o cumprimento das leis ainda sofre uma série de problemas estruturais. Ao invés de observarmos o cumprimento daquilo que é determinado, vemos que nossas leis acabam se enfraquecendo pela falta de fiscalização ou pelo fato dessa tal lei “não ter pegado” entre a população. Pior ainda é saber que a posição social dos indivíduos também determina o cumprimento ou não daquilo que nossos extensos códigos dizem. Afinal, nunca se sabe “com que se está falando”.
Vez ou outra, observamos que importantes figuras políticas são processadas e acusadas por crimes de corrupção que podem lhes custar a carreira e a própria liberdade. Provas são reunidas, indícios organizados e discussões feitas para se falar sobre o caso. Geralmente, quando as medidas legais demoram a ser aplicadas, vemos que sempre aparece algum tipo de subterfúgio que salva o acusado. Logo, os populares e os meios de comunicação, bradam que tudo “acabou em pizza”.
Para quem não sabe, essa expressão foi criada por um jornalista esportivo chamado Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva. Tudo começou na década de 1960, quando uma série de conturbações gerou uma grave crise entre os dirigentes da Sociedade Esportiva Palmeiras. O caso era tão grave que uma reunião de mais de quatorze horas foi realizada para que as questões do time de futebol fossem resolvidas de uma vez por todas.
Em uma reunião tão longa assim era normal que a fome acabasse incomodando aquele bando de cartolas nervosos. Foi então que, pela praticidade e a própria descendência italiana dos dirigentes, eles fizeram um pedido de dezoito pizzas gigantes, muito chope e vinho para sustentar aquela jornada de debates. Ao fim do bate-boca e da comilança, parece que tudo chegou a um acordo. Dado o desfecho, Milton Peruzzi publicou uma notícia com o seguinte título: “Crise do Palmeiras termina em pizza”.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola






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