PEDAGOGIA CRÍTICA COMO EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA
E TRANSFORMADORA NAS ESCOLA PÚBLICA
Cleide
Alves Cardoso – UEFS
Resumo: A
escola deve funcionar como um instrumento não
para manter a ideologia do estado, mas para ser um espaço dialético, um
espaço para transformação social. Porém cabe aos profissionais comprometidos
com seus alunos e suas práticas, estar sistematicamente problematizando a
educação e a função desta, nessa sociedade e em outra que possa ser mais justa
e mais fraterna.
Neste
trabalho, o objetivo principal é buscar na Teoria Crítica elementos e
categorias que possam dar suporte às práticas pedagógicas justificadas como
emancipatórias e transformadoras. Para tanto é feito um breve relato das
atribuições da escola dentro de
sociedade desigual e conservadora. Em seguida, a partir de um breve histórico
situa a escola como um espaço dialético de transformação social. Traz também
reflexões acerca da importância de tais estudos para mudança no processo de ensino
– aprendizagem referente a pratica homogênea que muitos dos envolvidos concebem
o espaço de sala de aula. Para tal, a sugestão é que a educação precisa mudar
acabar com os paradigmas, criar novos valores, conservar o que possui de bom,
reinventar novos caminhos, criar possibilidades para uma educação como um
instrumento de transformação social e oportunizar ao educando uma educação que
o insira na sociedade.
Palavras-chave:
Escola Pública. Educação. Transformação.
Introdução
Ao longo da sociedade a educação sempre existiu
e foi usada como meio para preservar a memória de um povo. No início da história
a educação era informal com decorrer do tempo ela passa ser sistematizada,
porém destinada a elite, ao homem da classe menos favorecida resta apenas o
trabalho braçal.
Durante muito tempo o estudante pobre
aprendeu que ele só precisava aprender a ler e escrever. A dicotomia
educacional e social leva muitos acreditarem que fracassam na sua vida
acadêmica por acharem que não têm competência. Aranha conclui que muitos
fracassam na educação justamente por causa dessa divisão.
Muitos não
têm sucesso na escola não por serem ignorantes ou incompetentes, mas por
tornarem-se incompetentes graças à divisão social, responsável pela
distribuição desigual dos bens de que a sociedade dispõe, inclusive a educação.
(ARANHA, 1996, p.16).
É por meio da educação que o homem
constrói sua história e por isso, ela não pode ser neutra ela deve está
inserida em um contexto social. Segundo Perrenoud (2001) todo educador precisa
enfrentar a desigualdade, a heterogeneidade na escola para por em prática sua
praxe pedagógica. O choque cultural é
muito grande e na educação é evidenciada quando se oferece uma educação de
qualidade para aqueles que cresceram entre os livros que tiveram a oportunidade
de se destacarem intelectualmente já os que não foram oportunizados têm uma
educação passiva e dominante. “Não podemos subestimar o choque cotidiano das
culturas. Ele influência o fracasso escolar.” (PERRNOUD, 2001, p. 57).
Os professores ajudam a manter a
distância quando olha para o aluno que aparenta maior capacidade intelectual. A
escola passa ser elitista quando classifica o aluno que deve ou não aprender o
aluno que terá uma educação de maior qualidade.
Estudos demonstram que a educação sempre
esteve em crise e enfrenta desafios. Embora medidas sejam tomadas ainda não
criaram um programa eficaz que resolvessem os problemas da educação.
Apesar da efetiva extensão dos programas de
atendimento, as medidas tomadas pelos governos ainda são insuficientes,
principalmente nos países em desenvolvimento. Uma abundante legislação procura
sanar as deficiências, mas nem sempre de forma eficaz. (ARANHA, 1996, p.163).
A educação precisa mudar, acabar com os
paradigmas, criar novos valores, conservar o que possui de bom, reinventar
novos caminhos e oportunizar ao educando a uma educação que o insira na
sociedade.
2. PROBLEMAS
Quais
os principais impedimentos para a implantação dos princípios da pedagogia
crítica na educação básica das escolas públicas de Feira de Santana?
3. JUSTIFICATIVA
Partindo do pressuposto de que a pedagogia
crítica busca uma educação igualitária, ela passa a ser relevante no momento
em que se quer descobrir o que impedem os professores de atuarem como
educadores críticos e oportunizarem aos alunos uma educação mais significativa,
reflexiva e igualitária. Compreendendo que é necessário ao sujeito adquirir uma
postura crítica, analítica do conhecimento e consciente do seu papel na sociedade,
é preciso buscar elementos que possibilitem a compreensão dos benefícios dessa
pedagogia na sala de aula a fim de propor modos de efetivá-la.
Justificamos ainda o estudo da pedagogia
crítica quando perguntarmos que tipo de homem queremos como produto da ação
educativa e como é a sociedade que interage com esse homem que se pretende
formar? Queremos um homem passivo,
objeto da educação, ou um homem desenvolvido, consciente dos seus atos, munido
de capacidade para refletir sobre o mundo e de atuar de maneira eficiente,
transformando sua realidade?
Em relação à sociedade, a escola deve
considerar seu papel importante na hora de educar, na transformação social
desse indivíduo que deve ser visto como sujeito da educação. É preciso contemplar
uma sociedade que supere o modelo de educação vigente, que leve em conta a
individualidade e permita o desenvolvimento do educando como sujeito. Por isso
escolhemos a cidade de Feira de Santana para realizar a pesquisa e a escola
Perpétuo Socorro por está inserido nesse contexto histórico-político e social e
por muitas escolas não oportunizarem a aprendizagem aos seus alunos. A 4ª série
está inserida nessa pesquisa por finalizar o ensino fundamental e passando para
uma nova etapa da educação básica.
4. HIPÓTESE
Os principais impedimentos para a
aplicação da pedagogia crítica na educação básica das escolas públicas de Feira
de Santana inserem-se na conjuntura do desinteresse capitalista pela educação
emancipadora e incluem a falta de preparo e compromisso por parte dos
educadores, a indiferença e o preconceito social bem como a falta de políticas
de incentivos.
5. OBJETIVOS
5.1 OBJETIVO GERAL
Conhecer os principais impedimentos à
atuação da pedagogia crítica no ensino fundamental público e propor maneiras de
superá-los.
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5.2.1 Investigar a influência
da pedagogia crítica na sala de aula e suas implicações para o sistema
educacional.
5.2.2 Propor uma maneira
efetiva de implantar a pedagogia crítica na escola Municipal Nossa Senhora
Perpétuo Socorro em Feira de Santana.
6. METODOLOGIA
6.1 TIPO DE PESQUISA
A abordagem será qualitativa descritiva
e de campo pela necessidade de um contato mais direto com o ambiente a ser
estudado.
Este presente projeto será submetido à
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FAB. Todos os membros da pesquisa
deverão assinar antes das entrevistas um termo de Consentimento Livre e
Esclarecimento com autorização para utilização sigilosa das informações
obtidas.
6.2 AMOSTRA
O universo da pesquisa será com alunos
da 4ª série com faixa etária entre 11 e 14 anos da escola Municipal de Feira de
Santana, a professora regente e ainda
com a professora Graduada em Letra que fará parte do estudo de caso.
6.3 LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa será realizada na Escola
Municipal Nossa Senhora Perpétuo Socorro, localizada no Parque Tamadari, Tomba.
Feira de Santana, Bahia. A opção pela escola é porque ela está inserida e um
contexto social, por ser uma escola pública e pela carência de um ensino mais
significativo. A cidade de Feira foi
escolhida pela disponibilidade do pesquisador e não onerar nenhum custo extra a
pesquisa e ainda pelo contexto político e social.
6.4 DESCRIÇÃO DO PROCEDIENTO
6.4.1 Coleta
de Dados
A pesquisa consiste na coleta de dados,
a partir da observação e questionário aplicados alunos e professora, analisando
as dificuldades que os discentes têm para aprender e o docente para ensinar.
Ainda haverá uma entrevista para o estudo de caso.
6.5.2
Análise de Dados
Todas as informações coletadas serão
avaliadas e reavaliadas de forma clara e coerente e apresentadas em forma de
relatório.
6.6 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Por fazer parte da educação básica e de
ser um grupo que está ingressando no ensino fundamental II devido ainda pelas
pesquisas feita pela Unesco(Organização das Nações Unidas para educação,
Ciências e Cultura) onde as amostragens revelam que os alunos da 4ª série não
consegue aprender. A turma em particular foi escolhida pela dificuldade de
aprendizagem.
6.7 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Não houve exclusão para realização da
pesquisa.
7. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A pedagogia crítica teve seu início antes da
Segunda Guerra Mundial no Instituto para Pesquisa Social da Alemanha. Durante a
guerra, vários membros do Instituto partiram para os Estados Unidos por causa
da perseguição nazista, por serem esquerdistas e judeus. Embora seja parte de
uma tradição que inclui pensadores europeus e americanos, deve-se atribuir
importância especial para John Dewey.
Chamada de radical ou revolucionária, a
pedagogia crítica foi conceituada por alguns autores, entre eles Peter Mclaren,
que a define como “a nova sociologia da educação” ou “uma teoria crítica da
educação” (MCLAREN, 1997, p. 191), Simon (1987, apud MCLAREN, 1997, p.193),
afirma que a pedagogia crítica refere-se à integração, na prática, de certos
planos e conteúdos do currículo, técnicas e estratégias de sala de aula, e
avaliação, propósito e métodos.” FREIRE (1987, p. 71), a define como educação transformadora.
A pedagogia crítica não é fundamentada
em uma única idéia, mas os autores que apóiam suas teorias estão unidos no
objetivo de prover oportunidade àqueles que vivem em uma sociedade desigual e
fornecer ao cidadão o direto de agir sobre a sociedade existente. Segundo
Mclaren (1997, p. 192), ela é fundamentada na teoria de que a escola tem o
poder, o dever de possibilitar ao indivíduo uma transformação pessoal e social.
Não é que o sujeito não possa se habilitar tecnicamente, mas que essa
habilitação não se sobreponha a seu papel transformador social.
Deve-se “preparar o estudante para
ingressar na sociedade com as habilidades que lhe permitam refletir criticamente
e intervir no mundo a fim de mudá-lo” (GIROUX, 1999, p. 67). A pedagogia
crítica é embasada na teoria de que a escola tem o poder de capacitar o cidadão
para transformar, criar. Para isso, deve ser fomentado no aluno o desejo pela
pesquisa, o querer conhecer e, assim, permitir que ele expresse seus
conhecimentos e sua criatividade.
Ela não espera ser vista como algo
supremo, conhecedora de todos os saberes, mas sim, com uma pedagogia que
fornece possibilidades de superar as desigualdades sociais existentes. Não é
fácil aplicá-la, mas ela é acessível a qualquer um que deseja ser um agente
transformador que cria possibilidades de conhecimento.
A pedagogia crítica surgiu no Brasil no
final dos anos 70 como reação às pedagogias existentes na época. Sua principal
referência, no Brasil, continua sendo Paulo Freire. Ele influenciou a educação
de muitos países do “terceiro mundo” suas teorias pedagógicas têm sido
estudadas por muitos educadores e ainda são aplicáveis não só nos países em
desenvolvimento como também em países desenvolvidos, pois ali também existem
“oprimidos”.
Na educação crítica de Freire há uma
grande preocupação com a conformidade do povo, com a falta de identidade. É aí
que entra o professor como um intelectual transformador. A educação precisa
agir como conscientizadora para promover a superação da “cultura do silêncio.”
Para Freire a única forma de superar a desigualdade cultural é com uma educação
problematizadora.
Através da educação
problematizadora, os homens desenvolvem sua capacidade de perceber criticamente
os caminhos que existem, no mundo, através dos quais e nos quais eles se
encontram a si mesmos; eles passam a ver o mundo não como uma realidade
estática, mas como uma realidade em processo, em transformação (FREIRE, 1970,
apud GADOTTI, 1996, p. 644).
Uma educação problematizada será ativa e
capacitará o educando para agir criticamente contra a postura desigual da
sociedade, contra a ideologia da sociedade dominante.
Freire (1970, apud GADOTTI, 1996, p. 644) ressalta
que a educação transformadora tem por objetivo desenvolver no cidadão uma
vontade de interferir na realidade existente. Para tanto, ele precisa ter um
pensamento crítico, sendo o diálogo, de acordo com ele, a forma mais eficaz
para que isso aconteça. Freire insiste em dizer que a educação se faz pelo
diálogo e que o professor, através do diálogo, aprende com seu aluno (FREIRE;
MACEDO, 1990, p. 14).
8. CRONOGRAMA
FEV
|
MAR
|
ABR
|
MAI
|
JUN
|
JUL
|
AGO
|
SET
|
OUT
|
NOV
|
|
Escolha do tema
|
X
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|||||||||
Levantamento
bibliográfico
|
X
|
X
|
||||||||
Formulação
do problema
|
X
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|||||||||
Elaboração
do projeto de pesquisa
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
||||
Apresentação
do projeto
|
X
|
X
|
||||||||
Pesquisa
de campo
|
X
|
|||||||||
Elaboração
da monografia
|
X
|
X
|
X
|
X
|
||||||
Apresentação
|
X
|
9. ORÇAMENTO
ORÇAMENTO
(Custos e pagamentos)
Não
existirão encargos as partes que participarão da pesquisa, a não ser por
parte do observador que terá um custo adicional mínimo para realizar o
trabalho.
|
||||
DESCRIÇÃO
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TIPO
|
QUANTIDADE
|
PREÇO
UNITÁRIO
|
TOTAL
|
Papel A4
|
Pacote
|
02 pacotes
|
R$ 12,00
|
R$
24,00
|
Fita para gravador
|
Pacote
|
01
pacote
|
R$ 20,00
|
R$
20,00
|
Cópia
|
Unidade
|
100
|
R$ 0,10
|
R$ 10,00
|
Cartucho preto
|
Unidade
|
01
|
R$ 30,00
|
R$ 30,00
|
Total
|
R$ 84,00
|
10. REFERÊNCIAS
HAMZE,
Amélia. Professor Pedagogo.
Disponível em: <http://www.ads.brescola.com.br/adclick.php?n=afc3c6e8>.
Acesso em: 15 jul. 2007.
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda. História da
Educação. 2.ed. ver. e atual. São Paulo: Moderna,1996.
FREIRE,
Paulo; MACEDO, Donaldo. Alfabetização:
leitura do mundo, leitura da
palavra.
3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
GADOTTI,
Moacir. Paulo Freire: uma
bibliografia. São Paulo: Cortez. Brasília, 1996.
GIROUX,
Henry A. Os professores como
intelectuais: rumo a uma pedagogia
da
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médica, 1999.
MACEDO, Donaldo. Alfabetização, linguagem e ideologia:
Educação e
Sociedade. Campinas. Dez. 2000, v. 21, n. 73,
p.89-99.
McLAREN,
Peter. A vida nas escolas: uma
introdução à pedagogia crítica nos fundamentos da educação. Tradução: Lucia
Pellanda Zimmer. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
McLAREN,
Peter. Multiculturalismo crítico.
Tradução: Bebel Orofino Schaefer. 3
ed.
São Paulo: Cortez, 2000. v. 3
PERRENOUD,
Philippe. A pedagogia na escola das
diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso. Tradução: Cláudia
Schilling. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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