É claro que crises econômicas abalam os hábitos de compra e a taxa de desemprego… mas também a criação dos filhos? Segundo um novo estudo, a previsão de dificuldades econômicas futuras pode fazer com que as mães se tornem mais rígidas.
Uma análise publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostra que algumas mulheres reagiram à crise econômica adotando um estilo de educação dos filhos mais agressivo. Além disso, mulheres com predisposição a reagir agressivamente devido a uma variação genética demonstraram uma reação mais dura às dificuldades econômicas.
Os pesquisadores se basearam no Estudo de Bem-Estar de Crianças e Famílias Frágeis, realizado com 4.898 crianças norte-americanas. Os pais foram entrevistados cinco vezes ao longo de nove anos, e responderam a perguntas sobre severidade e castigos físicos na criação dos filhos.
Durante a recessão de 2007 a 2009, os pesquisadores observaram uma ligação entre a severidade dos pais e as condições macroeconômicas. Embora o comportamento pareça estar ligado à possibilidade de tempos difíceis no futuro, o mesmo não acontecia em relação às condições atuais.
A melhoria nas condições econômicas foi associada à redução da agressividade dos pais. Segundo os pesquisadores, até mesmo macacos não tratam tão bem os filhotes em ambientes com menos disponibilidade de alimento.
“O estresse não é gerado só por uma experiência atual de escassez, mas também pela sensação de incerteza e pela antecipação de uma situação adversa”, escreveram os pesquisadores. “Macacas não tratam tão bem seus filhotes — que não se saem tão bem —em ambientes pobres em alimento, se comparados aos ambientes ricos. No entanto, tanto mães quanto filhotes se saem pior quando ambos os ambientes variam aleatoriamente, sugerindo que a incerteza e a insegurança podem ser mais estressantes que a experiência da adversidade atual. Entre os humanos, a preocupação com eventos adversos de grande importância aumentaria o estresse ou a ansiedade, assim como mudanças na tomada de decisões, aversão ao risco e agressão”.
As descobertas destacam a importância de entender os impactos não-econômicos das mudanças macroeconômicas, ressaltaram os pesquisadores.
Por Sheila M. Eldred
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