Maíra Saporetti Carvalho
Ao longo da história educacional do Brasil, diferentes formas de se educar foram utilizadas, sendo que cada uma da sua maneira tinha como intuito mudar o indivíduo de acordo com o tipo de sociedade estabelecida naquele momento histórico. A educação em todas as suas formas sempre sendo uma forma de dominação de quem "detinha" o conhecimento sobre o ser que acabava se submetendo a tal, uma educação para a submissão, construindo assim um determinado perfil de pessoa, uma identidade. Sendo assim, cada prática pedagógica tinha uma determinada concepção de homem e de mundo que influenciou na organização do sistema escolar e da escola, a escolha dos conteúdos, as estratégias de ensino e aprendizagem, a forma de avaliar e a relação professor-aluno.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil no século XVI trouxeram com eles a educação jesuítica que era de cunho religioso, catequizante, e se constituía como um processo sistematizado de transmissão de conhecimentos, instituindo um modo de ser português, desconsiderando a educação indígena ali encontrada, sendo a imposição de uma cultura dominante, a portuguesa sobre a dos indígenas. Assim, a educação era dissociada do meio vivido, do que acontecia fora da escola, pois a intenção era a de construção de uma nova identidade aos índios. Em virtude da concepção de mundo e de homem priorizava-se os princípios da autoridade e da disciplina.
Ao longo do tempo, as práticas pedagógicas foram sofrendo mudanças devido a condições econômicas, políticas, históricas e sociais diferenciadas, sendo assim mais à frente, a educação tradicional ganhou espaço, com o ideal de homem culto ou seja letrado e erudito, num ensino rígido, com castigos físicos, trazendo ainda inúmeros resquícios da educação jesuítica, como a disciplina e a autoridade, porém neste momento não havia mais uma intenção. Nesse tipo de ensino a relação professor/aluno é centrada no professor e na transmissão dos conhecimentos. O professor detém o saber e a autoridade, dirige o processo de aprendizagem e é o modelo a ser seguido. A relação é vertical e hierárquica, de vigilância nos casos extremos a passividade do aluno, simples receptor da tradição cultural, sendo a obediência uma virtude.
No final do século XIX, com a imposição de novo modelo econômico e consequente mudança do modelo político, alterou-se também o modelo educacional, que adotou a ideia da escola enquanto formadora do homem produtivo, influenciada pelo Estados Unidos da América, adotando a concepção de homem enquanto recurso humano.
Assim, a educação brasileira passou por vários modelos e hoje observamos, que nenhum deles atende a educação de hoje em dia, assim é preciso implantar nas escolas novos paradigmas que tenham como foco o aluno e seu desenvolvimento holístico, tanto em prol de si como da sociedade num todo. Pois, como vimos toda educação gera um tipo de pessoa, de identidade, é necessário que a escola tenha essa consciência e organize seu currículo em prol do tipo de educação que deseja oferecer a seus alunos.
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