domingo, 31 de março de 2013

Quem foi Monteiro Lobato?


MONTEIRO LOBATO

Um homem movido a paixões: Paixão pelas crianças, paixão pelo Brasil, paixão pela comunicação.

"A Lobato deve muito o Brasil. Em primeiro lugar o exemplo magnífico e raro do intelectual que não se vende e não se aluga, não se coloca a serviço dos poderosos ou dos sabidos. Depois, foi ele um homem de ação e um descobridor. Devem-se a ele a campanha do livro e a campanha do petróleo. Foi ele o criador da nossa literatura infantil"
(Oswald de Andrade)

"Monteiro Lobato pertencia a essa rara família de profetas e poetas, que condensam, de súbito, para um momento e um povo, a sua própria essência espiritual."
(Anísio Teixeira)


Fonte do texto:

Se Lobato estivesse vivo seria um grande interneteiro. Estaria aproveitando ao máximo a interatividade, a possibilidade de diálogo, a capacidade de reunir gente oferecida pela rede mundial. Monteiro Lobato não podia viver sem estar se comunicando com as pessoas, principalmente com as crianças. Sua obras incitam ao diálogo e à busca de parceiros para as brincadeiras. Quando escrevia em jornais, fazia questionários e pedia a opinião de seus leitores. Mais da metade de seus livros Monteiro Lobato escreveu para o público infanto juvenil, com a intenção de ajudar na formação intelectual e moral da nossa juventude. Há pelo menos três gerações de brasileiros que se desenvolveram sob a influência de suas obras e de seu pensamento.
A outra parte de sua obra é basicamente política, como política era também sua militância intensa como jornalista e editor. Era política porque mostrava sua grande preocupação com a situação de nosso povo e seu engajamento nas lutas por mudanças na sociedade brasileira. Consequência dessa luta sofreu as agruras das prisões e da perseguição.
Toda sua vida e seu trabalho estiveram dedicados à luta pela preservação dos valores culturais e das riquezas naturais da Nação. Foi pioneiro na luta pela preservação de nossas florestas, de nossos índios e de nossos bichos.
AUTOBIOGRAFIA:
Nasceu em Taubaté, aos 18 de abril de ... 1884 (na verdade 1882). Mamou até 87. Falou tarde, e ouviu pela primeira vez, aos 5 anos, um célebre ditado: "Cavalo pangaré/Mulher que ... em pé/Gente de Taubaté/ Dominus libera mé".
Concordou.
Depois, teve caxumba aos 9 anos. Sarampo aos 10. Tosse comprida aos 11. Primeiras espinhas aos 15.
Gostava de livros. Leu o Carlos Magno e os doze pares de França, o Robinson Crusoé, e todo o Júlio Verne.
Metido em colégio, foi um aluno nem bom nem mau - apagado. Tomou bomba em exame de português, dada pelo Freire. Insistiu. Formou-se em Direito, com um simplesmente no 4º ano - merecidíssimo. Foi promotor em Areias, mas não promover coisa nenhuma. Não tinha jeito para a chicana e abandonou o anel de rubi (que nunca usou no dedo, aliás).
Fez-se fazendeiro. Gramou café a 4,200 a arroba e feijão a 4.000 o alqueire.
Convenceu-se a tempo que isso de ser produtor é sinônimo de ser imbecil e mudou de classe. Passou ao paraíso dos intermediários. Fez-se negociante, matriculadíssimo. Começou editando a si próprio e acabou editando aos outros.
Escreveu umas tantas lorotas que se vendem - Urupês, gênero de grande saída, Cidades mortas, Idéias de Jeca Tatu, subprodutos, Problema vital, Negrinha, Narizinho. Pretente publicar ainda um romance sensacional que começa por um tiro:
- Pum! E o infame cai redondamente morto...
Nesse romance introduzirá uma novidade de grande alcance, qual seja, a de suprimir todos os pedaços que o leitor pula.
Particularidades: não faz nem entende de versos, nem tentou o raid a Buenos Aires.
Físico: lindo!
Monteiro Lobato
A Novela Semanal, São Paulo, nº 1, 2 de maio 1921
_______

Monteiro Lobato foi uma criança diferente dos outros garotos de sua geração. A cara enfiada nos livros e os olhos brilhantes a enxergar para muito além da janela do quarto denunciava uma mente irriquieta e fértil imaginação. Seu espaço preferido era a biblioteca do Visconde, na casa da Rua XV de Novembro em Taubaté, onde passava horas folhando revistas ilustradas e aventurando-se nos clássicos da literatura. Mas nem por isso deixou de participar da vida da fazenda, nem de conviver com a população interiorana, seus costumes e suas crenças.

"A criança é um ser onde a imaginação predomina em absoluto", defendia. "O meio de interessá-la é falar-lhe à imaginação". "Escrever para crianças! - exclamou em resposta a um repórter – é admirável... Elas não têm malícia, aceitam tudo, tudo compreendem ".
Captando a lógica e a estrutura do pensamento infantil, Lobato falava não para elas, mas como e no lugar delas. Por isso, pelas suas mãos o aprendizado virava brincadeira séria e as lições escolares mais difíceis – em geral ministradas através de métodos e mestres antiquados – ficavam claras e acessíveis.
Misturando sonho e realidade, Lobato conquistava os pequenos fãs, que logo passavam a dividir com ele o universo em que tudo era possível – bastava usar um pouco de imaginação. Ingrediente que não faltava nas centenas de cartas remetidas por crianças de todas as idades e de todos os cantos do País.
Recebia montanhas de cartas e respondia a todas, tratando as crianças como interlocutores competentes. Não se esquivava de discutir temas como saúde, religião ou política. Além disso estimulava a atividade literária dos seus leitores, encorajando-os a desenvolver enredos e histórias, ou analisando criticamente sua produção.



De 1920 a 1947 lançou 22 títulos que até hoje continuam a ser editados:
Ficção
  • Reinações de Narizinho
  • Viagem ao Céu
  • O Saci
  • As Caçadas de Pedrinho
  • Memórias de Emília
  • O Poço do Visconde
  • O Picapau Amarelo
  • A Reforma da Natureza
  • O Minotauro
  • A Chave do Tamanho
  • Os 12 Trabalhos de Hércules
Paradidáticos
  • História do Mundo para Crianças
  • Emília no País da Gramática
  • Aritmética da Emília
  • Geografia de Dona Benta
  • Serões de Dona Benta
  • História das Invenções
Adaptações
  • Hans Staden
  • Peter Pan
  • Don Quixote das Crianças
  • Histórias de Tia Nastácia
  • Fábulas


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Toda obra literária de Monteiro Lobato tem uma forte conotação política. Mesmo naquelas de pura fábula, é política a intenção e a motivação do autor. Como jornalista e como editor todo seu trabalho foi pautado por sua vocação político-libertária. Sem filiar-se oficialmente a organizações ou partidos políticos, Lobato sempre esteve presente nos debates sobre os problemas nacionais e nunca deixou de opinar sobre os assuntos que afetavam a vida do País.
Sua idéia de Brasil nação instiga seu inconformismo com o desenraizamento cultural. Ataca os modismos importados que nada têm a ver com a realidade e propugna pelo resgate do elemento nativo brasileiro de rica tradição. Nessa mesma linha denuncia a agressão que se faz ao nosso idioma adotando vocábulos estrangeiros por simples espírito de imitação.
Para Lobato, o atraso do país só seria superado pelo trabalho racional e aposta na modernização. Sua luta pela adoção de processo científicos em todos os níveis da atividade humana encontrou a síntese em Henry Ford que ele traduz em seu personagem Mr. Slang, que rebate as críticas dos céticos que culpam a índole do povo pelo atraso do país.

Ferro e petróleo
Certo de que transformaria seu país em uma nação produtiva, eficiente e rica, Monteiro Lobato abandona temporariamente a literatura e a atividade de editor e livreiro, a que se havia dedicado consciente da importância do poder da comunicação, para vivenciar experiências no mundo da indústria e dos negócios.

"O solo, a superfície, apenas permite a subsistência. O enriquecimento vem de baixo. Vem do subsolo". Entretanto, não bastava explorar as riquezas. Era preciso que o país usufruísse delas. Trabalha para iniciar a produção do ferro com metodologia moderna recém patenteada nos Estados Unidos, utilizando recursos naturais disponíveis no País, tais como a palha do café e o xisto betuminoso.


No dia 20 de março de 1941 é preso subitamente em São Paulo, segundo a agência norte-americana Overseas News Agency, "vítima de intensa campanha de militares brasileiros e outros elementos pró-nazismo, que combatem os elementos democráticos e anglófilos do país".
Impedido de receber visitas, conversar com outros detentos ou tomar sol no pátio, conta em carta a Purezinha, sua esposa, a vida em prisão. "É a gente sozinho com o pensamento, e nunca o pensamento trabalha tanto. Mas de tanto trabalhar acaba girando num círculo"(Leia a íntegra desta carta)Última peça do inquérito policial, o relatório encerrado em 1º de fevereiro, salienta que "ficou provado à saciedade que o dr. José Bento Monteiro Lobato ... procura com notável persistência desmoralizar o Conselho Nacional do Petróleo, sem contudo apresentar qualquer prova de suas acusações ".
Em 1950, inspirados no exemplo de Monteiro Lobato, os partidos políticos de esquerda e os movimentos sociais lançam a campanha de rua em defesa do Petróleo. A campanha "O Petróleo é nosso", empolga o país e servirá de pretexto para que o Congresso Nacional aprove a legislação sobre o Petróleo que, na última hora, recebeu uma emenda que criou o monopólio da Petrobrás.
Monteiro Lobato nunca escondeu sua paixão pela pintura. Se não lhe foi possível seguir a carreira de artista plástico, tampouco deu para abafar o impulso criativo que despontou à frente da vocação literária, antecedendo, inclusive, o domínio da própria linguagem.

Desistindo de uma arte, caiu nos braços de outra. Fez-se escritor, em uma transposição vocacional que se reflete por toda sua obra.
Quando ponderava sobre sua vocação artística, Lobato admitia uma espécie de saudade do que poderia ter sido, se houvesse optado pela pintura. "No fundo não sou literato, sou pintor. Nasci pintor, mas como nunca peguei nos pincéis a sério ... arranjei este derivativo de literatura, e nada mais tenho feito senão pintar com palavras. Minha impressão dominante é puramente visual".

Vida e obra de Monteiro Lobato
1882 – 1948
Nesta cronologia estão registrados fatos relevantes da trajetória de Monteiro Lobato - ao lado de eventos ocorridos no Brasil e no mundo - entre 1882 e 1948. As citações entre aspas, salvo quando indicada outra fonte, referem-se às cartas de Lobato para o amigo Godofredo Rangel, seu correspondente por mais de 40 anos, compiladas em A barca de Gleyre. Para facilitar a consulta, os fatos foram aglutinados por períodos. Na tabela abaixo escolhe a fase da vida de Lobato que quer conhecer.


Para ver o texto completo, visite o site:





Biografia de Monteiro Lobato!


Biografia: Monteiro Lobato


Em 18 de abril de1882, em Taubaté, estado de são Paulo, nasce o filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Augusto Lobato. Recebe o nome de José Renato Monteiro Lobato, que por decisão própria modifica mais tarde para José Bento Monteiro Lobato, desejando usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J.B.M.L. Juca – assim era chamado – brincava com suas irmãs menores Ester e Judite.

Naquele tempo não havia tantos brinquedos: eram tocos, feitos de sabugo de milho, chuchu, mamão verde etc. Adorava os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé. Sua mãe o alfabetizou, teve depois um professor particular e aos 7 anos entrou num colégio. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa. Em dezembro de 1896, presta exames em São Paulo das matérias estudadas em Taubaté. Aos 15 anos perde seu pai, vítima de congestão pulmonar, e aos 16 anos, sua mãe. No colégio funda vários jornais, escrevendo sob pseudônimo. Aos 18 anos entra para a Faculdade de Direito por imposição do avô, pois preferia a Escola de Belas-Artes.

É anticonvencional por excelência, diz sempre o que pensa, agrade ou não. Defende a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que sejam as conseqüências. Em 1904, diploma-se Bacharel em Direito; em maio de 1 907 é nomeado promotor em Areias, casando-se no ano seguinte com Maria Pureza da Natividade (Purezinha), com quem teve os filhos Edgar, Guilherme, Marta e Rute.Vive no interior, nas cidades pequenas, sempre escrevendo para jornais e revistas (Tribuna de Santos, Gazeta de Notícias, do Rio, e Fon-fon), para onde também manda caricaturas e desenhos. Em 1 911 morre seu avô, o Visconde de Tremembé e dele herda a fazenda de Buquira, passando de promotor a fazendeiro. A geada, as dificuldades, levam-no a vender a fazenda em 1917 e a transferir-se para São Paulo. Mas na fazenda escreveu o Jeca Tatu, símbolo nacional. Compra a revista do Brasil e começa a editar seus livros para adultos. Urupês inicia a fila em 1918. Surge a primeira editora nacional, Monteiro Lobato & Cia., que se liquidou transformando-se depois em Companhia Editora Nacional sem sua participação. Antes de Lobato, os livros eram impressos em Portugal; com ele inicia-se o movimento editorial brasileiro. Em 1931, volta dos Estados Unidos da América do Norte, pregando a redenção do Brasil pela exploração do ferro e do petróleo. Começa a luta que o deixará pobre, doente e desgostoso. Havia interesse oficial em dizer que no Brasil não havia Petróleo. Foi perseguido, preso e criticado porque teimava em dizer que no Brasil havia Petróleo e que era preciso explorá-lo para dar ao seu povo um padrão de vida à altura de suas necessidades. Já em 1921 dedicou-se à literatura infantil. Retorna a ela, desgostoso dos adultos que o perseguiram injustamente. Em 1943 funda a Editora Brasiliense para publicar suas obras completas, reformulando inclusive diversos livros infantis. Com Narizinho Arrebitado lança o Sítio do Picapau Amarelo e seus célebres personagens. Através de Emília diz tudo o que pensa; na figura do Visconde de Sabugosa critica o sábio que só acredita nos livros já escritos. Dona Benta é o personagem adulto que aceita a imaginação criadora das crianças. Admitindo as novidades que vão modificando o mundo. Tia Anastácia é o adulto sem cultura que vê, no que é desconhecido, o mal, o pecado. Narizinho e Pedrinho são crianças de ontem, hoje e amanhã, abertas a tudo, querendo ser felizes, confrontando suas experiências com o que os mais velhos dizem, mas sempre acreditando no futuro. E assim o pó de Pirlimpimpim continuará a transportar crianças do mundo inteiro ao Sítio do Picapau Amarelo, onde não há horizontes limitados por muros de concreto e por idéias tacanhas. Em 4 de julho de 1948 perde-se esse grande homem, vítima de colapso, na capital de São Paulo. Mas o que tinha de essencial, seu espírito jovem, sua coragem, está vivo no coração de cada criança. Viverá sempre, enquanto estiver presente a palavra inconfundível de “Emília”. 
Estudando o texto
a) Quem foi Monteiro Lobato?
b) O que ele criou?
c) Quais eram as características principais das obras de Monteiro Lobato?
d) Além, de muito interessantes, quais as utilidades dos livros de Monteiro Lobato?
e) Quantas páginas de histórias infantis Monteiro Lobato escreveu?
f) Quais são as personagens do sítio do Picapau Amarelo?



Várias e lindas Histórias de Monteiro Lobato!



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